Nesse artigo (Déficit Calórico e a Perda de Gordura: Como Funciona?), mostrei que quando estamos em um estado de déficit calórico (gastando mais calorias do que consumimos), o corpo se utiliza das suas reservas de gordura para "dar conta” de suprir a energia necessária para se manter.
Mas por que ele recorre à gordura corporal e não apenas ao carboidrato (glicogênio)?
Este artigo explica:
como o corpo decide qual fonte de energia utilizar
como ocorre a queima de gordura
qual o papel do glicogênio nesse processo

Como o Corpo Decide Qual Fonte de Energia Usar?
O corpo humano é uma máquina altamente eficiente, projetada para utilizar diferentes fontes de energia conforme a necessidade. As principais são:
Glicogênio (reserva de carboidratos no fígado e músculos)
Gordura corporal (armazenada como triglicerídeos nos adipócitos)
Proteína (massa muscular, usada em último caso)
A escolha de qual substrato energético utilizar depende de fatores como disponibilidade, intensidade da atividade e tempo de restrição calórica.
O Papel do Glicogênio no Metabolismo Energético
O glicogênio é a forma como o corpo armazena carboidratos e serve como energia de rápida disponibilidade. Ele está armazenado principalmente no fígado e nos músculos e é utilizado para:
Fornecer energia imediata durante exercícios intensos
Manter a glicemia estável entre as refeições
Evitar quedas bruscas de energia
No entanto, os estoques de glicogênio são limitados (cerca de 400-500g no corpo todo), o que significa que, após um tempo, ele precisa ser poupado para funções essenciais.
O Que Acontece Quando o Glicogênio Acaba?
Quando um indivíduo mantém um déficit calórico contínuo, os estoques de glicogênio começam a se esgotar. Nesse momento, o corpo prioriza o uso da gordura corporal como fonte de energia.
Isso ocorre porque a gordura fornece energia de forma mais sustentável e pode ser utilizada por longos períodos sem comprometer funções essenciais, diferentemente do glicogênio.
A Hierarquia de Uso de Energia Pelo Corpo
Para entender por que a gordura se torna a principal fonte de energia no déficit calórico, é importante conhecer a ordem de prioridade do corpo:
Glicose sanguínea (energia imediata)
Glicogênio muscular e hepático (energia de curto prazo)
Gordura corporal (energia de longo prazo)
Proteínas musculares (última alternativa, usada apenas em déficit extremo)
A gordura só se torna a principal fonte de energia quando os carboidratos disponíveis diminuem, o que acontece após algumas horas sem alimentação ou em dietas hipocalóricas prolongadas.
Glicose e Glicogênio – As Reservas Rápidas de Energia
Os carboidratos fornecem energia rapidamente, sendo essenciais para atividades intensas. No entanto, como o glicogênio tem estoques limitados, o corpo precisa de uma alternativa quando essa reserva se esgota.
A Gordura Como Fonte de Energia de Longo Prazo
Diferente do glicogênio, a gordura corporal é uma reserva praticamente ilimitada. Cada grama de gordura fornece 9 kcal, enquanto os carboidratos fornecem apenas 4 kcal por grama. Isso torna a gordura a fonte energética ideal quando há restrição calórica prolongada.
Por Que o Corpo Poupa Proteína?
O organismo evita ao máximo utilizar proteínas musculares como fonte de energia, pois isso comprometeria a força, a funcionalidade e a saúde geral. A degradação proteica só ocorre em casos extremos, como jejuns prolongados ou dietas extremamente restritivas.
Como a Gordura é Mobilizada no Déficit Calórico?
Para que o corpo consiga utilizar a gordura como fonte de energia, um processo metabólico ocorre em etapas:
Redução da insulina → Com menos ingestão calórica, os níveis de insulina diminuem, facilitando a quebra de gordura.
Ativação da lipólise → Os triglicerídeos armazenados nos adipócitos são quebrados em ácidos graxos livres e glicerol.
Transporte para as mitocôndrias → Os ácidos graxos são levados às mitocôndrias, onde são oxidados para produzir ATP (energia).
Esse mecanismo garante que a gordura armazenada seja utilizada como fonte energética, resultando na redução do percentual de gordura corporal ao longo do tempo.
O Papel da Insulina na Queima de Gordura
A insulina é um hormônio que regula o armazenamento de energia. Quando os níveis de insulina estão altos (como após uma refeição rica em carboidratos), a queima de gordura é inibida.
Por outro lado, quando há um déficit calórico, os níveis de insulina diminuem, permitindo que a gordura seja mobilizada para produção de energia.
Como os Ácidos Graxos São Transportados e Queimados?
Após a quebra da gordura, os ácidos graxos circulam no sangue e são transportados para as mitocôndrias, onde passam por um processo chamado beta-oxidação, que gera ATP (energia celular).
O Que Acontece Com o Glicogênio Durante o Déficit?
A Perda Rápida de Peso Inicial e a Relação com a Água
Nos primeiros dias de um déficit calórico, é comum observar uma perda rápida de peso. Isso ocorre porque o glicogênio se liga à água no corpo.
📌 Cada grama de glicogênio armazena aproximadamente 3g de água.
📌 Quando os estoques de glicogênio são esgotados, essa água é liberada, causando uma redução temporária de peso.
Como o Corpo Ajusta o Uso de Energia ao Longo do Tempo
Com o tempo, o corpo aprende a usar mais gordura como fonte primária de energia, tornando o processo de emagrecimento mais eficiente. Esse é um dos motivos pelos quais dietas hipocalóricas levam à queima de gordura em longo prazo.
Conclusão: Como Usar Essa Informação para Emagrecer?
Agora que você entende como o corpo utiliza a gordura no déficit calórico, veja algumas dicas para otimizar a perda de gordura:
✔ Mantenha um déficit calórico moderado (300-500 kcal/dia para evitar perda muscular).
✔ Priorize proteínas e fibras para aumentar a saciedade e manter a massa magra.
✔ Inclua treinos de resistência para preservar músculos enquanto perde gordura.
✔ Dê tempo ao seu corpo! A queima de gordura acontece gradualmente com consistência.
Manter um déficit calórico sustentável e uma rotina equilibrada é a chave para um emagrecimento eficiente e duradouro.
Comments